eu não sei
dizer a despedida
se só sinto
a falta
mãos que não passam pela minha perna
pelos fios
do meu cabelo
eu só sei a
falta
e os fios,
fios, eu sei a minha mão que passa
e divide e
sente o calor e não sente mais
em pequenas
mordidas eu fico só
e não sei
por onde passa mais a morte
ou por onde
passa , não mais atrás de mim
não me viro
e se me viro não encontro nada
eu só sei a
falta
depois de
fugir tanto, de correr tanto, não ouço gritarem mais meu nome
eu paro e
respiro enxergando minhas mãos ao volante
depois de me
sentir embriagado embriagada
eu ouço o
silêncio que habita a casa
no carro em
casa
e só sei
isso
eu não sei
explicar a terra por baixo das unhas
as cinzas
por baixo da terra
por baixo
das unhas
o corpo que
dorme só
sei ser só
e só sei a
falta
minha voz às
vezes meu corpo às vezes meus olhos às vezes
por outros,
mas permaneço
e sinto medo [frio] hoje completamente
completamente
só
eu observo sem nunca hesitar a despedida
e observo apenas
minha voz não chega do outro lado
esta noite, me arruinaram
la notte 1961 |