12 de fevereiro de 2017

por baixo da terra, a noite

eu não sei dizer a despedida
se só sinto a falta
mãos que não passam pela minha perna
pelos fios do meu cabelo
eu só sei a falta
e os fios, fios, eu sei a minha mão que passa
e divide e sente o calor e não sente mais
em pequenas mordidas eu fico só
e não sei por onde passa mais a morte
ou por onde passa , não mais atrás de mim
não me viro e se me viro não encontro nada
eu só sei a falta
depois de fugir tanto, de correr tanto, não ouço gritarem mais meu nome
eu paro e respiro enxergando minhas mãos ao volante
depois de me sentir embriagado embriagada
eu ouço o silêncio que habita a casa
no carro em casa
e só sei isso
eu não sei explicar a terra por baixo das unhas
as cinzas por baixo da terra
por baixo das unhas
o corpo que dorme só
sei ser só
e só sei a falta
minha voz às vezes meu corpo às vezes meus olhos às vezes
por outros, mas permaneço
e sinto medo [frio] hoje completamente
completamente só
eu observo sem nunca hesitar a despedida
e observo apenas

minha voz não chega do outro lado
esta noite, me arruinaram


la notte 1961