13 de janeiro de 2017

ninguém , poema lixo lixo

eu preciso ficar ainda um tempo do lado de trás da tela
vendo por entre pedaços da foto que que foto que foto eu fiz sempre tudo errado
o som e a voz que droga o som e a voz
eu fico sera será que eu fico também do lado pela tela
ouvindo lendo lendo
eu não sei o que fazer
eu consegui fazer dois meses parecerem um ano e um ano se passou
e eu queria alguma coisa e nada passou
eu sinto ainda a mesma coisa lâmina à pele
e meus olhos continuam os mesmos que observavam antes emergir
a cor e a água em ondas , ondas eu sinto todo meu corpo preenchido
envolvido , você sequer saber o gosto de sal da água
e afunda sem abrir os olhos eu abro olhos eu to com muito medo
eu não sei não vejo areia
eu não sei se   eu não quero que   ser só a mesma cena que vi na tela
eu não tenho mais maquiagem para remover eu não tenho
eu não me sinto bem eu não sei qual parte dói
não adianta ir pra lugar nenhum se ainda quantas vezes
não sei, como se estivesse embriagada eu me mexo e escrevo
errando letras e esquecendo partes escuras de noite de noite
tudo só amortece e ainda sinto depois de dois meses
um ano a faca que me abre de dentro procurando espaço para respirar
eu um ano a faca
eu não entendo ou me importo com a forma de nada e nada se encaixa dentro de nenhuma medida que minha voz não destrua fora de
fora
fá fora de tom
quantas vezes eu acho que entendi uma última vez que espero
e não adianta ir para lugar algum
uma última vez eu vou existir em pânico a noite sem saber
eu não suporto o pânico eu nunca quis muita coisa
eu nunca perguntei muita coisa e eu não tenho nenhuma dúvida
só não sei e não me lembro de nada que faça sentido
nós não subimos eu não existo fora eu não existo
eu não existo meu rosto numa fotografia não me conhece e não me diz
o sorriso eu choro enquanto a morte vem em pequenas mordidas
tentando me acordar, me levantar, me levar para o banho
tentando me dizer o que escrever, limpar manchas de vinho dos cantos da boca
eu quase nunca choro não choro mas em um ano ou dois meses
eu sei fazer as poucas contas que preciso eu não quero ter que ver ir embora
quero ver ir embora quero todo dia numa perspectiva circular
habitar apenas o momento que vejo vários corpos todo dia o mesmo
cada um indo em outras direções eu não sei existir senão um corpo parado
que vê cansado de dizer de dizer de dizer de dizer
a ária de uma voz que não existe
a ária minha voz desafinada
mlq que porra é essa
eu não sei fazer mais nada eu não sei separar mais as palavras QUANTAS VEZES QUANTAS VEZES QUANTAS VEZES    nunca soube fazer nada que merda mais pedante tudo
tudo nada amortece vejo morrer aos poucos uma barata asfixiada sem morrer sem morrer
morre várias vezes a cada espasmo eu sinto cada espasmo e vejo por todos os lados
tudo nada amortece eu gostaria de existir entretanto entretanto entretanto
eu sinto cada novo fio de cada nova lâmina
quase como arrancar cada dente
eu sinto tudo , todo espasmo , todas as gotas que chegam na hora certa
eu sou um humano que procurar um lugar pra entrar eu não existo
não devem ser os meus dentes não devo existir não tenho como sorrir do outro lado
eu posso morrer btf