6 de novembro de 2016

desvio

a diferença é continuar andando
até quando
e minhas roupas são as mesmas se vistas
de tão longe e diferente                                        s
me confundo em meio a tantas pessoas
e não conhecendo, não existo
sempre e ainda escolheria imergir
sem ver onde exatamente,
deixo que me vejam como se não estivesse ali
e não vejo um que saia contando cicatrizes
ou que diga admire-me de onde estamos
eu                                                                                     l
não vejo um que exista por tempo suficiente
deveria não, como se o oposto do movimento,
não ficando parada, deveria lhe des
tocar e tirar cada impressão não posta
cada parte do corpo apoiada e não fecho os olhos
cada parte apoiada no poste no escuro
eu não faço parte
nada poderia acordar agora e que dependa
acordar                                               quem
os braços que me esbarram, não sinto nada
onde todas as partes são apenas partes
enquanto procuro outras bordas e um outro jeito                
de conseguir entrar
mas eu não faço parte
todas as peças
estão pela metade e não se desmonta
o que já incompleto                                                               
mas tento entender o que quer dizer                                    e
o movimento cada vez mais pungente
como se pudesse entrar intensamente
uma a uma, cada faca, ou cada dedo
espero o toque que não rude                                     n
que não deixe marcas
a não ser fresta entre pano e pele                              d
eu ainda observo o mel que escorre pela borda do vidro
e vejo, do outro lado do vidro, se perder                                er
q u e l q'un
até quando
o difícil será o que quero fazer
e a voz que não soa doce

aquarela 2016