20 de julho de 2016

Rastros

Será se
Só me restando pedaços de pele
Para arrancar – que se desprendem em parte
Pelas bordas de alguns machucados –
Será se assim
Finalmente enlouqueço          ?

Vejo dedos que se desprendem de dedos
E se arrastam por entre divisas
E me deixam rastros a seguir
mas vejo muita coisa, vi muito que
Não existe, será se só me resta
A dor de quando esqueço
E me lembro ao deitar em cima de
uma mesma queda                  ?

Não ao vermelho branco de uma boca nua
Será se assim, seca,
Vendo por entre a cicatriz
Um outro sangue outro
Um outro amigo outro
Se cobrir de nova pele
O que deve continuar aberto

Enlouqueço se só cessar a dor
Sem uma outra dúvida
Ou um sinal como o corte a queda à pele
Que me diga o testemunho
Nem que eu continue a cavar faca à mão
Ainda o mesmo machucado

Vejo vestígios se curarem não sem antes
O rastro de uma pele que não se renova
Por inteiro