16 de julho de 2016

ária

o desfragmento dos que nunca tão perto
fere a carne arde a pele
e a possibilidade dos átomos
que se desocupam e
se reorganizam num outro padrão
desfaz-se em algumas frases e meia
uma mistura que faz fechar os olhos
o quase adormece

a mão magra demais, me vejo
nos espaços vazios entre ossos e
cores anêmicas enquanto todo nosso sangue
transborda de dentro dos frascos
e derrama do outro lado das sombras
que a sós se transpassam e se convencem em ser um só

toco a mão

a única vez em que não se queimam os olhos
olho em direção a dEUs, ainda com dedos
se desfazendo
o movimento do desfragmento
enquanto o sangue seca
poucas veias – exangue –
juntando pedaços de corpos que não deveriam
se despedir

morre a virgem Francesca que vai triste aos céus
levada pela revoada de manuscritos
dédiés à celui qui a peur
com as mãos estendidas à espera do som
morre de velha, seus dois filhos
com olhos que observam frios
sua própria morte – sexta entram de férias

estilhaços de um disparo anterior
ainda anêmicos, dEUs a espera no inferno
ainda em silêncio