21 de abril de 2016

fenda

o ar se move por dentro
permeia as contradições da perspectiva rígida
quando num riso externo
alguns sons se confundem e há de se apagar o eu
alguns sons, antes filtrados agora imersos
no que ainda não existe, fui existir existi e só
alguns sons, na tentativa de percepção completa
o todo, apoiado no canto da sala o quadro
o quadro, o toldo desfaz-se no ar e a chuva
a terra que cobre a boca é a mesma
t erra me mó ria é a mesma e cobre a boca
engasgado o riso que soa o outro
alguns pés caminham calmos ao lado toda noite
e alguns comentários
hoje decido partir e atiram mais terra
estava certo, quando ar quando terra
minha perna dormente arrastada,
hoje decido partir e me descreve os componentes
que decompõem meus dedos pelas pontas
logo quando decido partir
hoje calma, hoje sono, hoje consciência sem medo
não por muito tempo mas ainda olhos abertos
como posso ainda não existir
existi a partir da voz arrogante e ecoo desde então num mesmo tom

amanhã
no poema de onde escorre o antes


35mm