25 de abril de 2016

ainda dia

ainda não à noite e aguardando inquietos os corpos em quartos um em cada 
e a voz angustiada já num estágio incômodo de tantas vezes se repetir. 
ainda não à noite e os corpos vivem nos resquícios de sombra de um mundo quase cru 
quase só corpos e um vivendo à sombra do outro. 
e ainda não à noite para os que vivem dela e da certeza que se veste dúvida, 
ainda não para os corpos ainda não crus e tão promíscuos 
quanto a mão que se arrasta por qualquer lateral que ao menos outra. 
ainda não ao odor que sai das bocas desde ontem que na verdade alguns ontens atrás. 
duas manchas claras
e diz a voz do mundo "mas isso não é noite" 
e a diz a voz dos corpos "não ainda" em um uníssono calmo ainda que angústia. 
dois corpos que não se sabe se dois ainda 
não ainda noite para as línguas que gritam guerra à luz 
senão a mancha branca.

35mm