19 de janeiro de 2016

rostos de lama

Tenho sede de te rasgar o rosto com dedos
Ir desfazendo, destruindo, disforme
Acumular nas unhas pedaços de pele
Sentir seu sangue secar
E desfaço-te
SANGRA
Também minha mão
Meu rosto porque há reação sua
E reflito em meio ao desespero
Les signes parmi nous
Minhas pálpebras rasgadas e penso
Quieta
Enquanto deixo de ser me e viro te
Misturados numa só massa suja
nua sem contornos
abandonados ao chão
pisados
resquícios, ruínas
espero ao menos brilhar em meio as pedras
within
Penso quieta e muda canto

Sonia Lewitzka - Le Baiser, 1928